domingo, 23 de março de 2014

Out of The Furnace (Tudo Por Justiça) - Review



Quando tive contato com o trabalho do diretor Scott Cooper pela primeira vez, eu não assistia filmes com a mesma atenção que assisto hoje. O filme em questão era Crazy Heart (Coração Louco, 2009) e eu me lembro de ter adorado ver o Jeff Bridges o mais próximo do Man in Black da música country do que qualquer um poderia ser (até mais que Joaquin Phoenix). Lembro-me de associar Sunday Morning Coming Down de Cash ao filme e ficar a projeção toda pensando nisso.
Agora, cinco anos depois, Scott Cooper nos entrega seu segundo longa como diretor. Out of The Furnace (no Brasil, Tudo Por Justiça) traz um drama caipira para as telonas assim como Crazy Heart o fez. Com Christian Bale, Casey Affleck, Woody Harrelson e grande elenco, a trama parece simples à primeira vista, mas descobrimos que não é bem assim. Como descrito pela maioria dos sites e cinemas, o filme conta a história de Russell Baze, um homem que vivia uma vida o mais perto do medíocre, da pobreza e do suor do trabalho e se vê em problemas quando sofre um acidente que mata uma família e então é mandado para a prisão. Durante esse tempo, Russell perde o pai, o irmão se mete em problemas e ele perde contato com a mulher. Quando saí finalmente da prisão, ele percebe que o irmão está com problemas e tenta ajuda-lo com a esperança de manter o que restou de sua família.
O roteiro, escrito pelo próprio Scott Cooper em parceria com Brad Ingelsby, nome até então desconhecido para mim, tem potencial suficiente para manter as quase duas horas de filme e chega a criar um tensão peculiar e enquadramentos que chegam a lembrar alguns shots de Tropa de Elite, dirigido por José Padilha. Porém, não é autossuficiente para fazer um clímax necessário ao final. O filme foi construído à partir dos acontecimentos com Russell (Bale) e leva o drama pessoal do irmão de Russell (Affleck) mais como um estimulo para justificar as cenas mais chocantes ao final. Isso não seria problema se o roteiro não fosse mais furado, como por exemplo:

  • Como o policial Barnes (Forest Whitaker) sabia onde Russell estaria sempre que precisava? 
  • A cena da caça, apesar de interessante, é totalmente desnecessária para a trama.
  • O personagem de Sam Shepard é totalmente descartável e não precisaria de tanta atenção.
  • Não intercalar os flashbacks da infância dos irmãos é uma opção, mas poderia ter sido melhor executada justificado melhor o final e ainda aprofundado a relação entre ambos.
Ao final do filme, depois de Russell fazer o que faz, o filme fecha em um fade out e por ali deveria ter ficado. Mas logo em seguida, um fade in acontece e vemos Russell sentado à mesa, parado e pensando. Isso era realmente necessário? Não, não era. Quando a trilha sonora sobe, comandada por Pearl Jam, já sabemos tudo o que temos que saber. Assim como a letra de Release diz: I see the world. Feel the chill. Which way to go? Windowsill. Era após o fade out mencionado antes que os créditos deveriam ter subido, a última cena parece estar ali apenas para justificar algo que talvez o espectador não tenha sacado e isso não é muito legal para um roteirista e na maioria das vezes mostra que ele estava perdido ou com medo de alguém não entender o desfecho.
Porém, apesar dos furos, o filme se mantém e merece ser visto por todos aqueles que gostaram de Crazy Heart ou que gostam do trabalho de Christian Bale e dos atores do elenco em boas atuações.



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